Publicada em : 16-05-2018 18:24:35
A região que teve como primeiros habitantes, os índios guaná e servia de passagem de tropeiros no século 18, começa seu processo histórico de ocupação a partir do avanço da chamada Marcha para Oeste, empreendida pelos portugueses e paulistas que se aventuravam por estas terras. No século seguinte, seu percurso ganha novos contornos a partir de uma decisão política tomada pelo presidente da província de Mato Grosso, o mineiro José Vieira Couto Magalhães, que governou entre os anos de 1867 e 1868.
Homem de confiança do imperador Dom Pedro II e preocupado com a situação de insegurança que havia em Cuiabá diante das notícias que chegavam à capital provincial sobre as atrocidades cometidas pelos invasores paraguaios contra mato-grossenses na região de Corumbá, agiu para conter os ânimos. Temendo que surgisse um conflito entre cuiabanos e os prisioneiros de guerra – o que poderia colocar em risco os esforços para combater os invasores ao território mato-grossense, criou por decreto em 15 de maio de 1867, um acampamento militar que servia de prisão para os paraguaios na margem direita do Rio Cuiabá, de frente com a capital, mas, principalmente, para colocá-los em segurança. A data marca a fundação da cidade que chega nesta terça-feira (15) aos 151 anos.
Quem descortina o processo de fundação da cidade é o historiador José Wilson Tavares, autor do livro “Várzea Grande – História e Tradição”. O paranaense, que vive na cidade e é um estudioso do assunto, conta que o “campo concentração” de prisioneiros paraguaios ficava distante do acesso dos cuiabanos, com um corpo de guarda, para vigiá-los e protegê-los de possíveis ataques dos cuiabanos revoltosos com as práticas dos soldados paraguaios sob o comando de Francisco Solano Lopez.
O governante paraguaio estava à frente de um grande conflito armado que se desenvolveu na bacia do Prata, na América do Sul, travado entre o Paraguai e a Tríplice Aliança formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai. Ao final de 1864 Solano determinou a invasão da Província de Mato Grosso. Mas seus soldados encontraram resistência de tropas sob o comando do capitão Antonio Maria Coelho. A guarnição paraguaia foi vencida.
Segundo Tavares, os veteranos de guerra que cuidavam dos paraguaios que moravam em Cuiabá e arredores também foram se estabelecendo pela região várzea-grandense. Mas o clima tenso daria lugar à harmonia.
“As desavenças entre cuiabanos e paraguaios estavam bastante acirradas por conta do comando de invasão à província de Mato Grosso dado pelo presidente paraguaio Solano Lopes. Foi por isso que ele os levou para outro lado do rio. Mas estabeleceu-se um laço de amizade. Segundo a história, ao término da guerra, vários militares já tinham famílias do outro lado do rio, vínculos de amizade e posse e preferiram ficar por lá. Muitos pediram até baixa de suas patentes”, relata. De acordo com o historiador, a cooperação entre caboclos, índios e paraguaios era grande e foi então, que as trocas culturais se intensificaram dando origem às tradições da cidade.
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